Laboratório de Estudos Clássicos – Center of Classical Studies – Universidade Federal Fluminense

Arquivo de maio de 2025

4 AULÕES NO VII SIMPÓSIO LEC-UFF: Jardim de traduzir (25-26-27/jun/2025) presencial

Postado por Beethoven em 28/maio/2025 - Sem Comentários

 PROGRAMAÇÃO DE PALESTRAS DESCONTRAÍDAS – AULÕES

Jardim de traduzir: sementeira de mulheres que traduzem será um espaço formativo de tradutoras interessadas em literatura de temática greco-romana. O programa formativo contempla três abordagens: a prática de tradução nas oficinas, aulões pautados pelos Estudos Feministas da Tradução e debate acerca dos Estudos de Recepção dos Clássicos. A programação inclui oficinas de tradução do alemão, espanhol, francês, grego antigo, inglês, italiano e latim de textos literários sobre a mitologia greco-romana. Inscreva-se em apenas uma das oficinas aqui, pois as vagas são limitadas. A inscrição para os aulões, abertos a todos os interessados, pode ser feita neste link. Veja a programação abaixo. Serão emitidos certificados da Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFF).

AULÃO 1 – 25 de junho – das 9 às 12 horas – Sala 218 Bloco C – Instituto de Letras – Auditório Ismael Coutinho

“SOU UMA PESSOA VORAZ. E ACREDITO QUE TER FOME É TUDO”: A PRÁTICA FEMINISTA DA TRADUÇÃO COLETIVA

Por Emanuela Carla Siqueira (tradutora e doutora pela UFPR)

A partir do projeto de tradução de Victoria Ocampo e Virginia Woolf: Correspondência (Bazar do Tempo, 2024, trad. de Emanuela Siqueira, Nylcea Pedra e Rosália Pirolli), o intuito da aula é pensar a tradução coletiva como uma prática feminista em várias frentes da pesquisa nos estudos de tradução e da prática tradutória no mercado editorial. Levando em consideração que os trabalhos coletivos nem sempre são valorizados tanto no meio acadêmico, quanto no mercado editorial  — por questões de autoria e remuneração, especialmente –, a aula irá apresentar vários projetos desse tipo de prática para articularmos coletivamente como podemos atuar no que o coletivo Sycorax já chamou de “projeto político feminista transnacional” (2019), que envolve desde a indicação das obras para editoras, escrita de paratextos, circulação e mediação das mesmas. A ideia é que seja possível olhar para trás, nas propostas de Simon (1996), e também sua crítica Massardier-Kenney (1997), e pensarmos estratégias feministas de tradução coletiva para esse século, além de re-visarmos o que significa para nós, nesse momento, o coletivo: seja em projetos de tradução ou em formação crítica de pessoas atuantes no mercado editorial e na pesquisa acadêmica.

AULÃO 2 – 26 de junho – das 9 às 12 horas – Sala 218 Bloco C – Instituto de Letras – Auditório Ismael Coutinho

ENTRE LÍNGUAS: DEZ ANOS DE TRADUÇÃO LITERÁRIA

Por Francesca Cricelli (tradutora e pós-doutoranda na USP)

Esta aula ampliada propõe um mergulho no universo da tradução literária a partir de uma perspectiva vivencial e reflexiva, traçando um panorama de dez anos de experiência profissional no mercado editorial brasileiro e internacional. O encontro percorrerá a trajetória da tradutora desde os primeiros passos na profissão até os dias atuais, explorando as transformações das práticas de mercado, a organização das redes e coletivos de tradutores, e o papel das instituições de apoio ao setor. Através de exemplos concretos, será apresentada a diversidade de gêneros trabalhados – do ensaio ao livro de viagem, da literatura infantojuvenil às histórias em quadrinhos, do romance à poesia –, demonstrando como cada gênero exige abordagens tradutórias específicas. A aula abordará também a escolha consciente de privilegiar a tradução de autoras mulheres ao longo da carreira, refletindo sobre a importância dessa perspectiva no panorama editorial contemporâneo. Será destacada ainda a relevância do diálogo colaborativo entre os diversos profissionais da cadeia editorial – preparadores, editores, revisores e tradutores –, evidenciando como essa interação enriquece o processo de criação e publicação. Por fim, o encontro mostrará como a intersecção entre o mundo acadêmico e o mercado editorial cria um ambiente de constante aprendizado e renovação profissional.

AULÃO 3 – 27 de junho – das 9 às 12 horas – Sala 218 Bloco C – Instituto de Letras – Auditório Ismael Coutinho

TRADUÇÃO DA LITERATURA DE AUTORIA NEGRA BRASILEIRA E ALEMÃ: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Por  Raquel Alves dos Santos (tradutora e doutora pela USP)

A tradução da literatura de autoria negra brasileira e alemã apresenta desafios e possibilidades que refletem tanto as especificidades linguísticas e culturais quanto os contextos históricos e sociais nos quais essas obras se inserem. No Brasil, a literatura negra tem sido um espaço de resistência e afirmação identitária, dialogando com questões de racismo, ancestralidade e pertencimento. Na Alemanha, embora a produção literária de autoria negra seja menos numerosa, há uma crescente visibilidade de escritores afro-alemães que abordam temas similares, muitas vezes em resposta ao legado colonial e à diáspora africana. O processo tradutório dessas obras exige uma abordagem sensível que vá além da transposição linguística, considerando as marcas de oralidade, os registros socioculturais e as referências históricas que permeiam os textos.

Um dos desafios centrais é a manutenção da identidade estilística dos autores, especialmente quando suas narrativas se estruturam em variações linguísticas que não encontram equivalência direta na língua de chegada. Além disso, o mercado editorial e os cânones literários frequentemente impõem barreiras à publicação e circulação dessas obras, tornando a tradução também uma questão política e de representatividade. Por outro lado, a tradução dessas literaturas oferece oportunidades para ampliar diálogos interculturais e fomentar o reconhecimento de vozes historicamente marginalizadas. Estratégias tradutórias, como a manutenção de elementos culturais específicos ou o uso de paratextos explicativos, podem contribuir para a preservação das nuances identitárias dos textos.

Dessa forma, a prática tradutória se configura não apenas como um ato de transposição linguística, mas como um meio de valorização e fortalecimento das literaturas de autoria negra em contextos diversos. Na palestra pretende-se, portanto, abordar tais oportunidades e desafios partindo de exemplos da própria experiência com prática tradutória de textos de autoria negra alemã para o português e a pesquisa sobre tradução de literatura brasileira na Alemanha à exemplo da tradução para o alemão de Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus.

AULÃO 4 – 27 de junho – das 18 às 21 horas – Sala 218 Bloco C – Instituto de Letras – Auditório Ismael Coutinho

CAMINHOS DA TRADUÇÃO: A LÍNGUA COMO OFÍCIO, O MUNDO DA LOCALIZAÇÃO E FUTUROS POSSÍVEIS

Por  Raquel Dommarco Pedrão (tradutora e language manager na Netflix Brasil)

Dentre as possíveis incursões no mundo da tradução, o que significa ser um profissional de Localização? Entre os desafios de globalizar o local e localizar o global na tentativa de significar uma infinidade de conteúdos para que transitem de forma natural em meio às mais diversas culturas, vamos entender como a ciência por trás da linguagem unida à potência criativa da tradução tem o poder de tecer o sucesso (ou o fracasso) na recepção de obras, produtos e conteúdos localizados (em diferentes escopos, da literatura ao jornalismo e ao entretenimento). Vamos discutir como lidar com os desafios que as diferenças socioculturais entre línguas podem apresentar aos profissionais, além de entender o que a Inteligência Artificial realmente representa hoje para o nosso ofício, bem como suas vantagens e limitações. Por fim, alinhavando todos esses grandes temas do fazer tradutório, vamos conversar sobre o futuro que queremos – e podemos – construir para os profissionais da tradução.

O VII Simpósio LEC-UFF acontecerá presencialmente de 25 a 27 de junho de 2025 no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ). Trata-se de evento de extensão aberto a todas as interessadas, gratuito, com emissão de certificado.

VII SIMPÓSIO LEC/UFF-Jardim de traduzir: sementeira de mulheres que traduzem (25 a 27 de junho de 2025) Evento presencial

Postado por Beethoven em 21/maio/2025 - Sem Comentários

Jardim de traduzir: sementeira de mulheres que traduzem é um encontro de formação de tradutoras interessadas na literatura da Antiguidade. A programação inclui sete oficinas presenciais de tradução para o português de textos literários inspirados na cultura greco-romana escritos em alemão, espanhol, francês, grego antigo, inglês, italiano e latim. Trata-se de uma proposta diferenciada de abordagem da recepção no campo dos Estudos Clássicos.

O mote do simpósio é a frase da intelectual francesa Hélène Cixous, autora feminista de O riso da Medusa, que diz: “Eu amava a amizade das mulheres: é um jardim no qual as línguas soltas se banham em fontes e dividem seus segredos” (Tradução de Natália Guerellus e Raísa França Bastos, Editora Bazar do Tempo, 2023, p. 29).

O evento de extensão, que conta com o apoio da Faperj, é gratuito e vocacionado para mulheres interessadas na tradução, já com algum conhecimento da língua de escolha, mesmo que sem formação acadêmica. São bem-vindas não apenas alunas de todas as universidades, graduandas ou pós-graduandas, como a comunidade em geral.

O programa formativo contempla os seguintes eixos: MANHÃS (9-12h) breves sessões de acolhimento com debate informal acerca da recepção da literatura da Antiguidade, seguidas de palestras descontraídas de profissionais da tradução sobre as perspectivas para as jovens mulheres nesse mercado, os chamados “aulões”; TARDES (14-18h) prática tradutória nas sete oficinas, que acontecem simultaneamente. Serão emitidos certificados da Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFF) para as participantes com frequência plena nas oficinas e certificados avulsos para a presença em cada uma das palestras.

O VII Simpósio LEC-UFF acontecerá de 25 a 27 de junho de 2025 no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), organizado pelo Laboratório de Estudos Clássicos (LEC-UFF), com o apoio da Faperj, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da UFF (PosLit/UFF) e do núcleo de tradução e criação (ntc/UFF), além de parcerias com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e com a Universidade Federal do Ceará (UFC). Essa nova edição dá continuidade aos trabalhos do V Simpósio LEC-UFF: Mulheres que traduzem clássicos no Brasil, realizado em 2022.

O treinamento em tradução engajada – prática tradutória que não naturaliza o patriarcado, a misoginia, o racismo, a supremacia branca, o classismo – alinha-se com a vertente mais contemporânea dos estudos clássicos. A meta das oficinas não é produzir traduções exclusivamente feministas, mas apresentar essa vertente como uma opção para as futuras tradutoras, promovendo a leitura crítica dos chamados “textos clássicos”. Nas oficinas, serão traduzidos textos literários de curta extensão conectados a temas da Antiguidade, sob a orientação das seguintes tradutoras:

Alemão: Raquel Alves dos Santos (doutora/USP)

Oficina: Um encontro com as flores da autora romântica alemã Karoline von Günderrode

A literatura canônica é marcada majoritariamente por vozes masculinas, e a alemã não foge à regra. Escritas femininas, como a de Karoline von Günderrode (1780-1806), foram silenciadas ou esquecidas. Esta oficina busca resgatar a voz dessa autora romântica alemã por meio da leitura e tradução de alguns de seus textos: Ägypten, Hochrot, Der Nil, Die Einzige.

Espanhol: Raquel Dommarco Pedrão (mestra/Complutense de Madrid)

Oficina: Semeadeira de tradução Puñado 8

Partindo do eixo temático pré-determinado para a oitava edição desta publicação da Editora Incompleta, “No escuro”, e da premissa do Simpósio, que é abordar textos literários inspirados pela cultura greco-romana, a oficina se desenrolará em torno da tradução de um conto e um ensaio inéditos produzidos por escritoras latino-americanas e/ou caribenhas contemporâneas especialmente para a ocasião. Partiremos do estudo das complexidades linguísticas e literárias de cada conto (escritos originalmente em espanhol), passando pela busca de soluções textuais, culturais e idiomáticas em português brasileiro para que, então, os textos sejam vertidos ao nosso idioma. As traduções coletivas desenvolvidas, discutidas e depuradas ao longo da oficina serão publicadas na Puñado 8, onde constarão os nomes das tradutoras de cada conto e o contexto em que as traduções foram realizadas (Jardim de Traduzir, proporcionado pelo LEC–UFF). Cada tradutora também receberá 1 (um) exemplar da revista quando da publicação desta a finais de 2025 ou início de 2026.

Francês: Juliana Pondian (docente/UFF)

Oficina: Oficina de tradução potencial

A Oficina de Tradução Potencial irá propor jogos de tradução e experimentação poética, em língua francesa, a partir de contraintes, restrições formais inspiradas nas obras e manifestos de um dos mais criativos grupos literários surgidos na segunda metade do século XX, o OuLiPo, Ouvroir de Littérature Potentielle [Oficina de Literatura Potencial]. A literatura potencial caracteriza-se pelo controle do texto de acordo com regras formais rígidas e, normalmente, de base matemática. Os oulipianos se autodescrevem com uma imagem: são como ratos que se obrigam a construir labirintos dos quais eles próprios tentarão sair. O projeto do grupo era a busca de formas e estruturas novas para a literatura, seja a partir do resgate da tradição, seja a partir da criação de novas fórmulas, explorando metodicamente todas as potencialidades da língua. Nesse contexto, nossa atenção se voltará, principalmente, para a exploração das chamadas “formas difíceis” — isto é, estruturas clássicas recolhidas pelo grupo desde a Antiguidade (chamadas por eles de restrições oulipianas avant la lettre), como os lipogramas, palíndromos, versos ropálicos ou bola de neve, bastante presentes, sobretudo, no período helenístico da cultura grega —, assim como uma coleção de novas restrições criadas pelo grupo. O objetivo é, a partir dessas experiências, abrir olhos e ouvidos para a percepção de formas utilizadas em poesia, analisando-as sempre em correlação ao conteúdo dos textos, a fim de verificar sua eficácia e pertinência. Destaca-se ainda, nesse processo, o papel ativo do leitor diante dessas obras e a consequente (multi)potencialidade da leitura, quando não a exigência da construção do texto pelo próprio leitor. Nosso propósito, portanto, será traduzir textos poéticos do próprio OuLiPo, seguindo essas contraintes, que funcionam como motores de criação. Trata-se de investigar como regras formais, longe de limitar, podem expandir a invenção poética, estimulando uma relação mais ativa, lúdica e criativa com a linguagem. Nesse contexto, a oficina propõe que a tradução seja entendida não como simples busca de equivalências, mas como prática de invenção e recriação. 

Grego antigo: Greice Drumond (docente/UFF)

Oficina: Mulheres trágicas, tradutoras críticas: releituras do feminino na tragédia grega antiga

Considerando a tradutora como uma leitora privilegiada, é essencial refletirmos sobre quais visões de mundo orientam nossa prática tradutória. Há múltiplas formas de leitura possíveis para um texto da Antiguidade greco-romana. Buscando ir além da abordagem tradicional/filológica atribuída à tradução escolar, comum nos cursos de graduação na área de Estudos Clássicos, propomos o estudo de outras perspectivas que amplie a postura da tradutora como uma agente ativa em ruptura com um caminho tradutório em que as ausências e os silenciamentos são praticados no ato tradutório sem contestação. Essa postura se contrasta com um tipo de leitura que prefere normalizar violências e exclusões peremptórias de pessoas subalternas, sejam elas mulheres jovens, idosas, escravizadas, estrangeiras, bárbaras, trabalhadoras. Diversificação do discurso é a nossa proposta, a fim de que possamos fazer ouvir uma voz que, outrora silenciada ou minimizada, passa a falar em alto e bom som nas linhas do texto. Os textos da tragédia grega antiga selecionados nos indicarão o caminho de desvelamento de marcas étnicas e raciais, geracionais e comportamentais com as quais as mulheres trágicas têm de se defrontar em suas trajetórias. O olhar cuidadoso e atento da tradutora engajada é capaz de trazer a lume elementos não hegemônicos de caracterização dessas personagens que podem avivar essas figuras diante dos olhos do público leitor do nosso tempo. Como uma forma de instrumentalização, recorreremos a algumas autoras que discutem o papel do feminismo na contemporaneidade. No campo dos Estudos Clássicos, dialogamos com as análises de Renata Cazarini (2024), Mary Beard (2023) e Helen Morales (2021). Com relação à vertente feminista dos Estudos da Tradução, aplicaremos os recursos tradutórios indicados por Flotow (2021) para a execução de uma tradução de viés feminista. Adicionaremos a isso, algumas estratégias tradutórias, tais como a delimitação das UTs (Unidades de Tradução) do texto como foco de condução da tradução engajada e a busca de subsídios internos e externos com formas de suporte ao processo tradutório (Alves; Magalhães; Pagano, 2021).

Inglês: Emanuela Carla Siqueira (doutora/UFPR)

Oficina: Traduzindo as Helen/as, de Hilda Doolittle

Partindo da proposta da poeta e teórica estadunidense Alicia Ostriker, no ensaio Ladras da Linguagem: poetas mulheres e a criação revisionista de mitos (Chão da Feira, 2022, tradução de Emanuela Siqueira), a oficina pretende pensar coletivamente a prática feminista da re-visão na tradução. Ostriker se apoia em um ensaio de outra poeta, a também estadunidense Adrienne Rich, que afirma que as poetas sobrevivem no ato de re-visar ao “olhar para trás, de ver com um novo olhar, de entrar em um texto a partir de uma nova direção crítica” (2017, p.66, tradução de Susana Bornéo Funck). Para Ostriker, algumas poetas, entre as décadas de 1950/60, iniciaram projetos para dar conta desse ato de sobrevivência praticando o que ela chama de “roubo da linguagem”: a prática de retornar com uma nova visada para esses lugares fundantes — construídos por homens — de uma certa representação de mulheres. Uma das poetas apontadas pela autora é a estadunidense Hilda Doolittle (também conhecida como H.D.), especialmente no seu último livro em vida, Helen in Egypt (1961). Além de debatermos como a poeta é afetada pela tradução — Doolittle traduziu Eurípedes em várias fases da vida —, também vamos pensar, na prática, como a pessoa que traduz a poeta está em constante prática de re-visão e roubo da linguagem. Levando em consideração que a poesia é um gênero literário considerado especializado, e com número reduzido de pessoas que não se reconhecem como homens cis e brancos no mercado editorial brasileiro (MHEREB, 2021), a oficina pretende articular práticas tradutórias e ensaísticas sobre os três primeiros poemas de Helen in Egypt, além da confecção de uma fanzine coletiva com traduções e comentários.

Italiano: Francesca Cricelli (pós-doc/USP)

Oficina: Ecos da Antiguidade: vozes clássicas na poesia italiana contemporânea

Esta oficina de tradução literária explora o diálogo entre a herança greco-romana e a poesia italiana contemporânea através da obra de cinco autoras significativas: Jolanda Insana, Antonella Anedda, Vivian Lamarque, Biancamaria Frabotta e Rosaria Lo Russo. O laboratório, articulado em três encontros de quatro horas cada, orientará as participantes na análise e tradução de textos poéticos que mostram como a classicidade continua a nutrir o imaginário poético contemporâneo. Durante o percurso, as participantes experimentarão diversas estratégias tradutórias para transpor ao português a complexidade desses diálogos intralinguísticos e intertemporais, alternando momentos de reflexão teórica com sessões práticas de trabalho sobre os textos. O objetivo final é a criação coletiva de uma pequena antologia bilíngue destinada à publicação por uma editora brasileira, que representará uma ponte cultural entre Itália e Brasil e oferecerá ao público brasileiro a oportunidade de descobrir como a tradição clássica continua a viver na poesia italiana do nosso tempo.

Latim: Renata Cazarini (docente/UFF)

Oficina: Oficina de tradução crítica da Eneida: herói, mas que herói?

Eneias é o protagonista do poema épico escrito em latim mais conhecido no Ocidente, a Eneida, de Virgílio. A obra, um modelo para Os Lusíadas, de Luís de Camões. Seu autor, o ideal literário de Dante Alighieri na Divina Comédia. Personagem concebida como herói épico no poema latino, o troiano, primo e cunhado do príncipe Heitor, não é apenas um refugiado da guerra contra povos helênicos, mas também um invasor do território itálico. Eneias tem muito menos projeção no imaginário coletivo que Aquiles (Ilíada) e Ulisses (Odisseia), no entanto, essa condição revela-se também uma oportunidade para um projeto de tradução que se proponha a fazer uma abordagem crítica do poema, enfatizando as facetas do protagonista, certamente uma figura mais complexa que as homéricas. O homem mencionado logo no primeiro verso da Eneida (arma uirumque cano…) é a mesma personagem que tanto trava batalhas em território alheio, como Aquiles, quanto vagueia pelos mares açoitados por tempestades, como Ulisses. Eneias é o filho afetuoso e o assassino inclemente. Eneias é líder de homens e vassalo dos deuses. O exercício de tradução proposto nesta oficina visa a desestabilizar a cristalizada imagem do “herói” épico e até seu epíteto: Eneias não é piedoso, ele é leal. A Eneida tem também um repertório de personagens femininas não muito extenso, mas variado, incluindo humanas (Creúsa, Ana, Camila, Amata), deusas (Juno, Vênus), ninfas (Juturna, Deopeia), seres mitológicos (Harpias, Fúrias), mas certamente é Dido, a mítica rainha de Cartago, a figura mais relevante, cujo perfil inicial de líder (dux femina) é totalmente desconfigurado pela paixão por Eneias e calado com o suicídio. Lavínia, a esposa prometida ao troiano, não recebe uma fala sequer na Eneida, por isso, a tradução crítica foca também na construção do silenciamento feminino e no male gaze. Estão previstos para a oficina os seguintes excertos: Livro I 1-11 (proêmio) / Livro I 340-364 (dux femina facti) / Livro I 488-508 (pulcherrima Dido) / Livro VI 442-476 (durus amor).

INSCRIÇÕES NAS OFICINAS DE TRADUÇÃO

As inscrições nas oficinas de tradução devem ser realizadas previamente, preenchendo este formulário. A organização do VII Simpósio LEC/UFF quer atender todas as interessadas, mas pode haver limitação de vagas em alguma oficina. Manifeste logo seu interesse para que possamos atendê-las bem. Lembre-se de que você só pode frequentar uma oficina, já que elas ocorrem simultaneamente. Selecione o idioma no qual se sente mais segura. As oficinas são abertas e livres para quem está ou não na Universidade. Atente-se que a sua vaga pode excluir uma colega, portanto, seja assídua.

O VII Simpósio LEC/UFF criou duas açõs especiais de integração nas oficinas. 1. Em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o evento está patrocinando a participação de uma bolsista da região Nordeste – a mestranda em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras – Literatura Comparada (PPGLetras/UFC) Gabriela Almeida Pinheiro – e de uma bolsista da região Norte – a mestranda em Letras e Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes (PPGLA/UEA) Fernanda Santos da Silva – nas oficinas de grego antigo e latim, respectivamente. 2. O evento abriu para as profissionais técnico-administrativas do Instituto de Letras e da Proex uma vaga em cada uma das sete oficinas.

A PROGRAMAÇÃO DAS PALESTRAS SERÁ DIVULGADA EM BREVE. RESERVE SUA AGENDA EM 25, 26 E 27 DE JUNHO.

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