Laboratório de Estudos Clássicos – Center of Classical Studies – Universidade Federal Fluminense

Arquivo de julho de 2023

MINICURSOS DO LEC-UFF NA SBEC 2023

Postado por Beethoven em 08/jul/2023 - Sem Comentários

Entre 25 e 29 de setembro de 2023 acontece o XXIV Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC), em Belém do Pará, simultaneamente com o III Seminário dos Grupos de Pesquisa da SBEC. A delegação do LEC-UFF conta com os docentes Beethoven Alvarez (Latim-UFF), Greice Drumond (Grego-UFF) e Renata Cazarini (Latim-UFF), com a pós-graduandas Bruna Castro (Mestrado-UFF), Érica Marques de Sant’Anna (Mestrado-UFF) e Stefânia Sansone (Doutorado-UFRJ), além da mestre Maria Clara da Cunha Machado (UFF), bem como com as graduandas Anna Clara Gonçalves (Latim-UFF) e Laís Pereira Soares Santos (Latim-UFF).

A programação inclui mesas mesas principais, mesas coordenadas de grupos de pesquisa, comunicações livres, exposição de posters, lançamentos de livros e minicursos. Os professores Beethoven e Renata ministrarão os seguintes minicursos, que acontecerão de 26 a 29 de setembro, das 8h30 às 10h:

FUNDAMENTOS DA VERSIFICAÇÃO IAMBO-TROCAICA DA COMÉDIA ROMANA

Prof. Dr. Beethoven Alvarez: currículo Lattes

Neste minicurso, apresentarei noções fundamentais de métrica iambo-trocaica e prosódia do verso do drama cômico da Roma republicana. A primeira parte do curso terá natureza teórico-explicativa, quando discutiremos alguns princípios da métrica quantitativa do verso dramático romano, como as noções de sílabas longas e breves, pés, resolução, ancipitia e indifferentia, e os tipos métricos mais comuns, como os senários iâmbicos e os septenários trocaicos, principalmente; trataremos ainda das características particulares da prosódia do latim dramático de Plauto e Terêncio, quando refletiremos sobre fenômenos como: conservação da quantidade longa em sílabas finais, apócope do -s, prodelisão dos verbos “es/est”, síncope e sinérese, hiatos, abreviamento por ênclise e abreviamento iâmbico. Conheceremos algumas das chamadas “leis” métricas que nos ajudarão a compreender a organização rítmica interna dos versos, especialmente a lei de Ritschl, de Hermann-Lachmann, de Bentley-Luchs e de Meyer. A segunda parte do curso terá caráter eminentemente prático-interpretativo, quando os participantes, após alguns exercícios como exemplos, serão estimulados a realizar a escansão de trechos selecionados de comédias de Plauto e Terêncio e a discutir interpretações métricas possíveis. Para fins de escansão e análise métrica, apresentarei também a chamada notação alfabética, como proposta por Gratwick (1987, p. 281-283; 1993, p. 52-59; 1999, p. 211-219), com o objetivo de: (1) nos permitir observar e analisar o verso iâmbo-trocaico como uma sucessão de metros, e (2) demonstrar estruturalmente a similaridade entre metros iâmbicos e trocaicos.

Palavras-chave
métrica latina; comédia romana; versificação iambo-trocaica

1. Noções fundamentais de métrica iambo-trocaica e prosódia do verso da comédia romana. 2. Princípios da métrica quantitativa latina. 3. Tipos de versos mais comuns: senários iâmbicos e septenários trocaicos. 4. Questões de prosódia do latim de Plauto e Terêncio. 5. As chamadas “leis” métricas. 6. Análise métrica. 7. Notação alfabética.

ALVAREZ, B. B. Senário iâmbico em Plauto: efeitos em Persa e Estico. 2016. 212 p. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.
BOLDRINI, S. La prosodia e la metrica dei Romani. Roma: La Nuova Italia, 1992.
CECCARELLI, L. Prosodia y métrica del Latín Clásico: con una introducción a la métrica griega. Trad. de Rocío Carande. Sevilla: Universidad de Sevilla, 1999.
GRATWICK, A. S.; LIGHTLEY, S. J. Light and Heavy Syllables as Dramatic Colouring in Plautus and Others. The Classical Quarterly (New Series), Oxford, n. 32 , p. 124-133, 1982.
MOORE, T. J. Music in Roman Comedy. Cambridge: Cambridge UP, 2012.
MORENO, J. L.; DÍAZ Y DÍAZ, P. R. Estudios de métrica latina. Granada: Universidad de Granada, 1999.
QUESTA, C. La metrica di Plauto e Terenzio. Urbino: Quattro Venti, 2007
RAVEN, D. S. Latin metre. London: Bristol Classical Press, 1965.
SOUBIRAN, J. Essai sur la versification dramatique des Romains: senaire iambique et septenaire trochaique. Paris: Centre National de la Recherche Scientifique, 1998.

ESTUDOS CRÍTICOS DE RECEPÇÃO DOS CLÁSSICOS

Profa. Dra. Renata Cazarini de Freitas: currículo Lattes

No cenário global, a valorização da cultura greco-romana como fundadora do mundo ocidental – o “triunfalismo”, como diz Hanink – sofre abalos. No Brasil, o tardio reconhecimento da relevância das culturas dos povos originários e afrodescendentes é um legítimo fator de desapego à cultura greco-romana. Hoje, mais do que nunca, o principal gatilho da curiosidade por esse passado remoto parece ser a cultura pop evocativa da mitologia e da história antiga no cinema, nos quadrinhos, nos jogos.
Numa tentativa, já frutuosa, de abarcar nos Estudos Clássicos esse universo em expansão, pesquisadores resgataram a Estética da Recepção, corrente da Teoria Literária que concebe a realização do texto no seu ponto de chegada, o leitor, e vêm formalizando nos últimos 30 anos as bases dos Estudos de Recepção dos Clássicos (“Reception Studies”, de Hardwick, p. ex.).
Mas foi o recente agravamento do conservadorismo, que levou à eleição de Donald Trump em 2016 nos EUA, um propulsor de projetos de classicistas mais engajadas com a justiça social, como o portal Eidolon (criado por Zuckerberg), espaço para-acadêmico de ensaios numa perspectiva interseccional. Emerge dali a ideia-provocação dos Estudos de Recepção dos Clássicos 2.0, numa intersecção com os Estudos Críticos de gênero, de raça, de etnia, de classe.

Palavras-chave
Estudos Clássicos; Estudos de Recepção; Interseccionalidade

AULAS

1. As bases teóricas dos Estudos de Recepção dos Clássicos
Estudos de Recepção frente à Tradição Clássica. Capital cultural e poder. Clássicos e justiça social.
Referências: HARDWICK, LEONARD, BEARD

2. A interseccionalidade na recepção dos clássicos
Estudos de Recepção 2.0. Interseccionalidade (gênero, raça, etnia, classe). Estudos Críticos de Gênero. Feminismos. Diversidade. Engajamento.
Referências: AKOTIRENE, HALL, HANINK, ZUCKERBERG (https://eidolon.pub/)

3. Modalidades de recepção
Estudos de Adaptação. Estudos de Tradução. Texto e contexto: quem está falando, quem está ouvindo. Curadoria dos Estudos Clássicos no mundo digital.
Referências: HUTCHEON, MCCARTER, MORALES, WILSON

4. Didática dos Estudos de Recepção dos Clássicos
Mudanças na sala de aula. Desafio ao cânone. Quais são as novas perguntas. Engajamento como ferramenta pedagógica.
Referência: KAHN

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Coleção Feminismos Plurais. São Paulo: Pólen, 2019.
BEARD, Mary. Mulheres e poder. Um manifesto. Edição revista e ampliada. Tradução de Celina Portocarrero. Tradução da edição atualizada de Jennifer Koppe. São Paulo: Editorial Crítica, 2023.
HALL, Edith. Putting the Class into Classical Reception. In: HARDWICK, L.; STRAY, C. (eds.) A Companion to Classical Receptions. Malden, EUA: Blackwell Publishing, 2008.
HANINK, Johanna. “It’s Time to Embrace Critical Classical Reception”. Eidolon, 01/05/2017. Disponível em: https://eidolon.pub/its-time-to-embrace-critical-classical-reception-d3491a40eec3 Consultado em 28/5/2023.
HARDWICK, Lorna. Reception Studies. Greece & Rome. New Surveys in the Classics nº 33. Oxford: Oxford University Press, 2003.
HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. 2ª edição Tradução de André Cechinel. Florianópolis: Editora UFSC, 2013.
KAHN, Madeleine. “Why Are We Reading a Handbook on Rape?” Teaching and Learning at a Women’s College. Londres: Routledge, 2016 (2005).
LEONARD, Miriam. Reception. BOYS-STONES, G.; GRAZIOSI, B.; VASUNIA, P. (eds.) The Oxford Handbook of Hellenic Studies. Oxford: Oxford University Press, 2009.
MCCARTER, Stephanie. Rape, Lost in Translation: How translators of Ovid’s ‘Metamorphoses’ turn an assault into a consensual encounter, Electric-lit, 01/05/2018. Disponível em https://electricliterature.com/rape-lost-in-translation/ Consultado em 28/05/2023.
MORALES, Helen. Presença de Antígona. O poder subversivo dos mitos antigos. Tradução de Angela Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Rocco, 2021.
WILSON, Emily. A Translator’s Reckoning with the Women of the Odyssey. The New Yorker, 08/12/2017. Disponível em: https://www.newyorker.com/books/page-turner/a-translators-reckoning-with-the-women-of-the-odyssey Consultado em 28/05/2023.
ZUCKERBERG, Donna. Not All Dead White Men. Classics and Misogyny in the Digital Age. Cambridge: Harvard University Press, 2018.

Para inscrever-se, acesse o site do Congresso. Os cursos serão presenciais. Certificado de 6 horas emitido pela SBEC.

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